Na vida, a qualquer momento, uma cobra venenosa pode
cruzar o nosso caminho. E essa cobra pode ter o nome de despeito, inveja,
cobiça, recalque, ou sinônimos. Mas nos atentaremos ao lado despeito da cobra,
porque segundo o dicionário Michaelis, o desgosto é causado por ofensa leve ou
desfeita. Mas pensar que seu resultado também será leve, é ledo engano!
O despeito fomenta perseguições gratuitas, acusações
incessantes, informações venenosas. O despeitado não perdoa o triunfo do
próximo. Sempre quer descobrir o lado infeliz de qualquer questão, o "alfinete
perdido no palheiro". Sofre sem necessidade, amargura-se constantemente e
luta contra os defeitos que vê nos outros, quando o problema é somente dele. Para exemplificar, o despeito é um
fingimento. É fazer de conta que não quer o que o outro tem, desqualificando o
objeto: “Fulana comprou uma Ferrari, é?!! Deus me livre de ter um carro desses
pra andar a 90h/km, Fulana é uma idiota mesmo”.
Um comentário maldoso é capaz de destruir uma pessoa e por mais que ela tente, talvez, nunca consiga reconstruir a imagem que perdeu por causa de um ato de despeito.
A propósito deste tema, um escritor anônimo escreveu um texto, que ele chamou de “A serpente e o vagalume”.
Leia o texto a seguir transcrito, reflita e acautele-se.
Conta a lenda que:
Uma vez, uma serpente começou a perseguir um vaga-lume.
Esse fugia rápido, com medo da feroz predadora e a serpente nem pensava em desistir.
Fugiu um dia e ela não desistia. Dois dias, e nada…
No terceiro dia, já sem forças, o vaga-lume parou e disse à cobra:
– Posso lhe fazer três perguntas?
– Não costumo abrir esse precedente para ninguém, mas já que vou te devorar mesmo, podes perguntar…
– Pertenço a tua cadeia alimentar?
– Não.
– Eu só lhe fiz bem na vida.
– Por acaso te fiz algum mal?
– Não.
– Então, por que você quer acabar comigo?
– Porque não suporto ver-te brilhar.
A expressão não “suporto ver-te brilhar” não significa que o vagalume agredido tivesse competência, inteligência superior, evidencia social, riqueza, ou fosse um notável. Absolutamente!
A questão fundamental é que a serpente gostaria de ser o que o vagalume é. E não conseguia ser por limitações, sobretudo de caráter. Em função disso, a inveja é atiçada na serpente, por ela não ter a credibilidade, o reconhecimento público e a dignidade existencial da sua vítima.
Nos dias atuais encontraríamos várias pessoas que aconselhariam: Cuidado, vagalume! Seu pecado é brilhar demais... brilhe menos se puder!
Mas, meu conselho é diferente! Vagalume siga seu instinto, continue brilhando, vá para a luz e atraia mais vagalumes, para iluminar o mundo! E a cobra que se esconda em sua toca!
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Leonardo Moreira é Sargento da Polícia Militar de Minas Gerais, Criador e editor do Plantão Policial MG.
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